segunda-feira, 25 de maio de 2015

A Maratona... em 2 dias


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Quando você acha que já viveu tudo, depara-se com uma maratona em 2 dias. Acredite, é possível! Nessa reta final de treinos, confesso, que algumas vezes, questiono-me do que estou fazendo. Treinar, às vezes é chato... O fim do verão e início do inverno já traz um desânimo ao ser humano aqui que vos escreve. Vem o frio, chuvas intermináveis (pelo menos na região sul do país é assim), vem a preguiça, a vontade de comer (isso é bom no inverno!), entre outros motivos que poderia elencar para justificar a função que o inverno traz para a minha vida ao menos. Se não bastasse tudo isso, eu ainda tenho que treinar. É nessas horas que eu realmente não estou afim é que o “bicho pega”...
Ainda faltam 20 dias até o grande dia, entretanto, uma prévia do que viverei no dia 14/06/2015 consegui ter nesta semana. O título aponta a notícia, como num resumo, porém é curto demais para detalhar toda a experiência vivida. Acompanhe o que foi cada dia!
1º dia: o foco do treino foi acertar o ritmo da prova e entender a necessidade de hidratação e suplementação. O percurso todo fiz num ritmo que hoje para mim é bem tranquilo, entre 5’30 a 6’00 de pace. O meu treinador me acompanhou nessa 1º etapa e foi muito bom, porque em alguns momentos (como de costume logo no início) quis aumentar o ritmo e ele me fez a ressalva: “esse vai ser o teu ritmo de prova, tranquilo, poupando no início para usar lá na frente... vai fazer falta!” Além disso, acho que na hidratação e suplementação ele quis me mostrar como era literalmente sentir sede no percurso, pois paramos poucas vezes para hidratar e na última, que sugeri para pararmos, ele disse: “viu, isso na prova nunca pode acontecer. Teu corpo não pode sentir sede, por isso é importante de 4 em 4km tomar água, ou isotônico, mesmo que não tenha sede.” A sensação final do treino, apesar de ser tranquilo pelo pace que fizemos, era de cansaço. Impressionante como o corpo responde à falta de água. Perdemos muito líquido quando corremos e não repor é correr um sério risco de “quebrar”, como se costuma dizer no mundo runner, em outras palavras, parar e não conseguir mais continuar.
2º dia: o foco do treino foi correr sentindo as dores musculares do dia anterior. Foram muitas dores! Saí no 1ºkm com a sensação das pernas pesadas (pela experiência dos 30km que fiz recentemente, já sei que isso não é um bom sinal), segui receoso. Lembrei de um amigo dizendo que a mente prega peças e o maior desafio é vence-la. Vivenciei isso, sem querer ser repetitivo, no treino de 30km. No treino de hoje a luta contra o EU foi constante. Mentalmente, apesar do Nike+ contar os km do treino do dia, na minha mente quando fechei os 9km, na verdade fechava os 30km da semana passada. Um dia de intervalo, em comparação a outra experiência, foi mais “fácil” do que sem intervalos fechar essa quilometragem. Quando esqueci as pernas, começou o joelho  e logo depois de esquecer esse veio as dores nos pés, mais especificamente nos dedos. Essa me acompanhou até o momento de encerrar o treino. Cheguei nos 19km, 40km no acumulado, o cansaço, as dores eram grandes, mas faltavam apenas 2km. Lá fui eu, concluí! Uma sensação nova, vem muitas coisas na cabeça nesse momento, mas o que mais vivo ficou foi a ideia de cruzar a linha de chegada e poder dizer: “agora eu sou um MARATONISTA”.



Recebi nessa semana uma mensagem de um amigo que dizia que os 30km iniciais quem te leva até eles são tuas pernas, os 12km seguintes a tua mente e os 195m finais é o teu coração. Nesse quase final de desafio, um mix de emoções me toma. Olhar para trás e ver a bagagem que adquiri, a torcida das pessoas que me amam e que acreditam em mim, faz com que aquela frase do treino chato desapareça. Nem dor, nem cansaço, diminuem a importância de poder trilhar esse caminho. Falta pouco!




Até a próxima semana!


domingo, 10 de maio de 2015

A barreira dos 30km


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Relembrava essa semana o meu começo no mundo dos runners. Quando iniciei, lembro que caminhava por um tempo “x”. Aos poucos comecei a intercalar a corrida. Meu primeiro treino intercalando durei apenas 2min correndo! Nessa época, meus treinos resumiam-se aos finais de semana, então, de semana a semana, tentava aumentar o tempo da corrida e diminuir o que destinava a caminhar. Até que um dia consegui, e ao encerrar o treino o sentimento era de dever cumprido. Não foi fácil, fiquei exausto, mas o sentimento era de felicidade por ter conseguido ir além!
Nessa época praticava jiu-jitsu e trazia comigo uma frase do professor da equipe em que treinava: “quando você achar que não há mais como, ainda assim existirá 30% de força dentro de você!”. Como ele chegou nesse número e se realmente isso era real, não sei, mas essa frase rondou minha mente e de alguma forma achei a força escondida que me fez concluir o treino de 20min correndo (esses eram meus treinos na época). Você já deve ter ouvido a frase “o seu pior inimigo é você mesmo”. Frase dura, mas pense bem, o primeiro “NÃO” que você ouve é o seu mesmo! Travamos uma batalha interna, diversas vezes e em diversas situações. Mudam os cenários e circunstâncias, mas os personagens principais permanecem.
O que o professor falava antes de cada competição que disputávamos, era muito mais do que um discurso motivador. Sem saber, talvez, tentava mostrar o que todos tem dentro de si. Isso fazia me lembrar do meu pai, que sempre diz: “tudo aquilo que precisa está dentro de você, basta procurar!”. Durante minha formação acadêmica, descobri um conceito que uniu essas duas lições de vida chamado resiliência. Fiz muito uso dela durante a fase “TCC” e, para não fugir dos conceitos, segundo George Barbosa, a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades. Eis aí a força interior! Essa competência nos auxilia na tomada de decisão e nos faz ir além e dar o nosso máximo.


Sábado passado todas essas frases, conceitos, gatilhos motivadores, estiveram reunidos potencializando os 5km finais do meu treino. Foi a primeira vez que corri mais de 21km e uma nova experiência me aguardava. Cruzei com um amigo no meio do treino e ele me perguntou: “falta quanto pro final do treino?”, respondi “10km para fechar os 30!”. A cada km que ultrapassava depois dos 21 era uma barreira sendo vencida. Ao chegar no 22º pensei: “estou bem, sem cansaço e sem dor muscular”, segui em frente. Quando cruzei o 24º, a sensação era que minhas pernas pesavam o dobro, e nos 24,380km meu corpo disse basta, e parei! Levei um susto, cheguei a pensar que tinha estourado alguma articulação. Fiquei alguns instantes analisando-me e vi que na verdade não era nada, estava tudo bem.
Segui e cruzei o 25º e 26ºkm. Aos 26,400km uma sinaleira num cruzamento me fez parar. Minhas panturrilhas latejavam, estava com sede e comecei a sentir muita dor nas pernas. Minha hidratação e suplementação eram a cada 7km, então minha “parada” oficial seria no km 28. Sinal aberto, segui. Veio o 27º e então o esperado 28º km. De fato, parei e chorei. Sem ser clichê, chorei mesmo. Sentia muita, mas muita fome e me bateu uma fraqueza no corpo que me fez pensar: “para! Pra quê tudo isso?!”. Fiquei repetindo essa pergunta, vendo se fazia sentido, a resposta foi “não faz”, mas não podia parar, já havia percorrido 28km e faltavam apenas 2km! Nesse momento, lembrei do relato de um amigo na TTT desse ano e as lições de vida que comentava vieram a mente.
Recomecei, e sem ter feito a hidratação e suplementação. Não havia nada por perto para eu comprar alguma coisa e me restavam apenas R$ 1,50 da minha última parada. Avistei uma padaria e não pensei duas vezes. Comprei três saches de doce de leite: foi a melhor refeição que já havia feito. Exagero, óbvio, mas deu a energia que precisava. Segui e cruzei o 29ºkm e com ele o início do último. Alguém comentou em algum post nessas últimas semanas que a barreira dos 30km é a mais difícil, acreditem é mesmo! Fiquei com o GPS em mãos e a cada 100 metros a dor nas pernas aumentavam. Nunca havia sentido coisa igual, mais 100 metros e fim! 30km depois, exaustão sem igual, dores sem igual e um sorriso no rosto sem igual também.


Adivinha o que aconteceu?! Chorei hehe... A melhor parte não foi o fim, mas cada km que superei. Quando disse ao meu amigo que faltavam 10km, achei que seria barbada porque estava “sobrando” no treino. Só que não! Além dos 30km, irão me esperar mais 12,195km. Só conseguirei chegar lá se acreditar e conseguir ser resiliente para que, no meio do percurso, consiga ir além!


Até a próxima semana!


domingo, 3 de maio de 2015

Qual o seu ritmo?!



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No mundo das corridas existe uma métrica, ou em outras palavras, um indicador do ritmo da corrida. Conhecido como pace, a forma para chegar-se nele é simples, basta medir o seu ritmo em minuto por quilômetro (min/km). Os atletas (amadores ou profissionais), com seus relógios ou app de celular, acompanham o pace ao decorrer de um treino ou mesmo prova. É uma forma de saber como está o andamento e assim planejar melhor a sua performance. Isto porque é possível guardar o seu histórico e ir acompanhando a evolução treino após treino. Já em provas, torna-se peça chave para planejá-la, pois você consegue prever o desgaste que o seu corpo terá e a forma como poderá reduzi-lo com paradas para água e suplementação.
Ao longo desse Desafio! de correr a minha primeira maratona, mês após mês, meu treinador acompanha-me passando os mais diversos treinos através de uma planilha. Quando recomecei meus treinos, após não ter feitos vários pela dor no joelho, meu treinador foi realista em dizer que a minha maratona estava comprometida. Foi duro ouvir isso, mas faz parte: “no pain, no gain”. Ele reavaliou meus treinos, incluiu alguns de reforço muscular com exercícios de funcional e reviu o pace dos meus treinos, principalmente os do tipo “longão”.


Confesso que, logo quando vi a nova versão da planilha, pensei “ele deve estar me subestimando, fiz treinos muito mais duros com pace mais baixos que esses novos”. Ainda intrigado, questionei qual o propósito de tanta modificação. O retorno foi que apesar de eu já conseguir correr a um pace de 4’30, não vou correr a maratona toda nesse ritmo. Isso foi muito importante neste momento, pois pensei seriamente em desistir desse desafio com receio de me lesionar novamente, como em 2012. Ter esse tipo de apoio dá a confiança para seguir em frente. Melhor que ninguém, ele sabe o pace mais adequado e possível para esse momento, aquele que não irá prejudicar todo o treinamento feito até então e ainda evitar algum estresse emocional por não conseguir atingir algum objetivo de treinos ou o da minha prova (daqui exatos 41 dias!).
Isso tudo me fez pensar não só nos treinos e na prova, mas na vida. Sem saber (ou quase sem saber), você coloca um ritmo diferente nas coisas que faz. Para algumas coisas, um ritmo mais forte, para outras nem tanto. Muitas vezes você para e pensa “para quê?”, “faz sentido?”. Deve ser por isso que muitas pessoas optam por ir morar em lugares que fogem da loucura de uma cidade grande. O que elas buscam? Um ritmo diferente para a vida... Nesses últimos 2 meses venho aprendendo a colocar um ritmo diferente nas coisas que faço e que estou comprometido. Não é nada fácil para mim, mas fazer isso faz com que dê a importância certa para as coisas, entenda o ritmo dos outros e o mais importante, respeite o meu que nem sempre é ligado no 220v.



Hoje me permiti não fazer o treino de 25km da planilha. Estava cansado dos últimos dias, porém sei que ele é importante e que de alguma forma vou ter que encaixá-lo na próxima semana (provavelmente entre segunda ou terça-feira que serão os meus day off). Agora, ao escrever esse post, penso que foi a melhor escolha. Reduzi meu ritmo! Quem diria que correr seria algo terapêutico?! Essas são as surpresas boas que encontramos pelo caminho. O mais importante em concluir essa maratona, não será apenas percorrer os 42,195 km, mas sim todo esse caminho que estou percorrendo até a linha de chegada! Pergunte a você, qual o ritmo da sua vida?! Sempre há tempo de mudar!


Até a próxima semana!