quarta-feira, 25 de março de 2015

Você sabe o que fazer. Faça!


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Nesses últimos dias (principalmente na última semana que falhei um post) me lembrava das aulas da época do colégio em que o professor dizia que o ser humano distingue-se dos outros animais por agir com racionalidade. Possui grande capacidade mental e habilidade para desenvolver utensílios e adquirir conhecimento, e que antropologia é a ciência que estuda a humanidade, seu comportamento, cultura e evolução. Com certeza você deve ter ouvido isso, lido e ainda deve ter caído em prova. Lembrou? Entretanto, o que o professor não explicou, o que não caiu na prova, é que quando o sentimento está envolvido, nada mais é tão simples. Nesse ponto está a complexidade do ser racional.
O sentimento distorce o racional, para o bem ou para o mal. Ele pode ser estimulante, instigando com que o indivíduo dê mais de si, ou o inverso disto. Independentemente do quão motivado ou não para fazer algo, você sabe o que deve ser feito. Por que você não faz então? É simples, lógico e racional, certo? De fato sim, porém ao mesmo tempo não. Os motivos podem ser os mais variados, com certeza você terá justificativa para todos eles. Isso tudo porque você sabe o que tem que ser feito! A arte de procrastinar pode nos encurralar nas paredes da nossa consciência. Chegar neste ponto é fácil e normalmente não começa com coisas grandes, são nas pequenas. Quando tropeçamos, dificilmente é em algo grande, pois nestes casos conseguimos prestar atenção.



A lição que aprendi com a vida, e que complementa aquela do colégio, é que somos seres emotivos racionais. Vivemos em sociedade, em tribos, ou em grupos, porque precisamos de alguma forma preencher a lacuna do ser racional. A emoção transforma nossas vidas, nossas atitudes, nosso pensamento. Temos a necessidade de partilhar a nossa vida com os demais, contar os feitos, ou até mesmo os fracassos. Faz parte deste ser EMOCIONAL e é isso que o define como único. A alegria só é vivida quando compartilhada e, na corrida não é diferente. Há treinos em que fico “xingando” meu treinador do primeiro km até o último. Em outros treinos, é tão leve, que consigo correr meia maratona (21km) em 1:43:57 (velocidade de 12,12 km/h a um pace de 4:57 min/km) sem sentir-se cansado. O problema de fazer treinos longos é a dor no joelho dias depois... De qualquer modo, num cenário bom ou ruim de treinos, além de superar-se, o que instiga e motiva é poder, ao final, partilhar isto com o minha namorada, pais, professor, amigos e o grupo de corridas que escolhi fazer parte, a V!N! RUN.



Nosso maior desafio será sempre lidarmos com a montanha russa de nossos sentimentos. Ora altos, ora baixos, com a ajuda de um grupo, o equilíbrio é facilmente alcançado, pois um acaba motivando e “puxando” o outro para ir além. Nossa energia movimenta a VIDA, a nossa e a do meio em que vivemos. Tente você nesta semana fazer a diferença para alguém. FAÇA!


Até a próxima semana!


segunda-feira, 9 de março de 2015

Women Runners



 (Osaka, Japão)



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É contagiante ver alguém superando-se e vencendo um desafio numa prova de corrida. Não conheço a mulher dessa imagem, sei somente que essa prova foi em Osaka (大阪市), no Japão (日本). Mesmo sem conhece-la, consigo sentir a sua vibração. Naquele momento, registrado pela fotografia de alguém desconhecido a ela e a nós, sem dúvidas um filme passou pela cabeça dela. Tudo aquilo que culminou para que chegasse ali era o plano de fundo embalado por diversas recordações. O simples fato de ser mulher já é um grande desafio, pois imagine o quão complexo deve ser realizar treinos exaustivos com todos os hormônios desestabilizando o organismo e a temida TPM. Outro fato é o biotipo masculino que tende a ser mais forte, diminuindo os episódios de lesões, em comparação ao biotipo feminino. O próprio preconceito que pode existir nas diversas culturas espalhadas pelo planeta, em ter uma mulher correndo ou praticando qualquer esporte.

Poderia elencar tantos outros fatos e que, ao final, talvez chegássemos na conclusão que é loucura uma mulher correr. Ao final, na verdade, estaríamos redondamente errados! A foto mostra uma guerreira que sem dúvidas superou vários obstáculos, quebrou diversos paradigmas, talvez seja mãe, mas acima de tudo é MULHER. Elas estão espalhadas por aí e você já cruzou com várias delas. Chegam a ter poderes sobrenaturais, com força que homem nenhum tem. Só lembrar-se das dores do parto, eu com certeza não suportaria! Elas, delicadas e duronas, simples e complexas, dão um sabor a mais nas nossas vidas. O seu amor materno, que mesmo as que ainda não são mãe o possuem, faz com que o mundo tenha um equilíbrio na grande desordem que ele insiste em ter. A beleza delas são eternas fontes de inspiração!

(Paula Radcliffe com sua filha Isla, após vencer a ING New York Marathon no tempo 2:23:10)


Hoje encerrei a 2ª planilha de treinos e concluí a 9ª semana de treinos. Restam ainda 14 semanas, das 23 que me separam da linha de chegada. Venho de uma semana conturbada comentado no post da semana passada, mas firme nos passos que estou dando. As quedas nos ensinam a levantar e esse é o barato de perseguir um objetivo: aprender. Minha bagagem só aumenta e junto nesta jornada estão as mulheres da minha vida! O treino que fechou essa semana foi em homenagem a essas guerreiras que me acompanham com muito amor. Pelo amor delas é que venço todos os meus desafios e faz com que supere-me muitas vezes. Recordava hoje de vários momentos em que senti esse carinho. Veio a certeza do quão importantes elas são, cada uma ao seu modo, na sua singularidade.
Lembrei primeiro da minha mãe e tentei conectar a uma lembrança que fosse realmente representativa para nós dois. Sem dúvidas existem muitas, ela muito mais que eu no acervo de sua memória, mas a que me recordei foi a da minha formatura na faculdade. Aquele momento (como uma linha de chegada) foi algo único e que todo o esforço que vivemos fez sentido. Em seguida, veio as minhas “veinhas”. Tenho a graça de Deus de ter as minhas duas avós juntas ao meu lado. Cada uma diferente da outra, mas com corações em que há somente o amor de duas mulheres que batalharam muito nessa vida e que enchem-me de orgulho. Me emociono escrevendo isto e recordando das duas, obrigado mais uma vez Senhor! Depois dessas grandes mulheres, veio à mente as novas mulheres da minha vida.

(Mulheres da minha vida, parte 1)

Por ordem de chegada, veio a minha boadrasta (como ela se auto intitula). Faz do meu pai uma pessoa melhor e feliz a cada dia. Por cuidar dele e lhe dar o amor na dose certa, me dá a força necessária para seguir em frente. Logo depois, vem alguém muito especial. Essa poderia escrever 23 posts detalhando a companheira que escolhi, e fui escolhido (na verdade a ordem é inversa hehe), mas me atenho a dizer que é o amor da minha vida (aí vocês imaginem o restante e o tamanho desse sentimento). Por fim, a pessoa que deu-me o presente de dar a vida a essa companheira, a minha sogrinha. Além dela, a cunha que ajudou essa menina crescer e se tornar a mulher que é (marketing 1 e 2 feitos: propaganda é a alma do negócio). Brincadeiras à parte, a pureza do que são não existe palavra que descreva. Basta simplesmente admirar e desejar Feliz Dia da Mulher.

(Mulheres da minha vida, parte 1)

Até a próxima semana!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Atropelado pela Rotina



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Culturalmente, nós brasileiros iniciamos, de fato, o ano após o carnaval. Nesse período, a maioria das pessoas estão em época de férias, iniciando-as ou encerrando-as. Não que tudo seja festa, mas até mesmo aqueles que trabalham nesse período (salvo aqueles ligados ao ramo de turismo), sentem que que o clima é mais leve. A carga diária habitual que enfrentamos já não é mais a mesma. A primeira percepção é no trânsito com ruas menos movimentadas, menos pessoas, menos carros transitando e a quase inexistência de engarrafamentos. Misteriosamente, tudo acaba fluindo mais naturalmente e incrivelmente no seu tempo.
De uma hora para outra, porém, essa calmaria transforma-se em tormenta e a sensação é que você foi atropelado por alguma coisa. O pensamento nessa hora é “alguém anotou a placa?!”. Essa “coisa” tem nome, chama-se rotina. Ela não vem de mansinho e também não envia porta voz, chega logo e sem avisar. Você ainda nem se acostumou com a ideia que o horário de verão acabou e ela passa impondo um novo ritmo as coisas. Costumo pensar que a rotina é como um cavalo encilhado, está tudo bem até você perder as rédeas! Aos poucos, a ficha vai caindo e você percebe que ao seu redor tudo já retornou ao seu lugar, começando pelas escolas que iniciam o seu ano letivo até mesmo os diversos setores com férias coletivas que retomam suas atividades.
É muito fácil perder-se nesse turbilhão e é ainda mais difícil retomar as rédeas. Acaba que em todas as esferas das nossas vidas a desordem toma conta, como num efeito cascata. O trabalho fica pesado e alguns dias só há tempo para chegar em casa, comer algo, tomar um banho, dormir e acordar para retornar para mais um dia. Você entra num ciclo vicioso e um alerta é acionado no seu sistema imunológico, stress. A paciência diminui, o bom humor vai embora, e aí você procura o botão “para tudo que eu quero descer”. Nessa frase está o segredo, parar. Ou você faz isso conscientemente ou seu corpo dá um jeito de fazer isso por você.

  
A ideia desse blog, meu combinado com você leitor, era que as postagens sairiam sempre aos domingos após eu fazer meu último treino de corrida da semana, encerrando-a. A última semana encerrou e o post não saiu. Algumas pessoas me perguntaram “e o texto quando vai sair? Estou esperando!”. Por um lado, ouvir isso traz uma felicidade em saber que de alguma forma consigo partilhar as minhas experiências e interagir com diversas pessoas, corredoras ou não, mas que buscam algo aqui. Entretanto, nesse final de fevereiro, início de março, a rotina veio, impôs seu ritmo e em algum momento perdi as rédeas. Quando me dei por conta toda aquela organização que comentei no post sobre planejamento foram por água abaixo.
O impacto disso não demorou muito para refletir e o meu organismo tratou de acionar aquele botão que falei acima. Resultado: fui acometido por uma infecção intestinal com direito a febre e 3 dias sem treinos (domingo, segunda e terça-feira). No domingo estava tão debilitado que a única coisa que eu queria fazer era descansar. Nos dias seguintes até hoje, foi aquele ciclo que falei acima causado pela rotina. Aqui vale uma ressalva e talvez o grande ensinamento: quando você perde a disciplina, pouco a pouco as coisas vão desajeitando-se até que tudo vira uma bagunça. Não entenda rotina como algo ruim, apesar de parecer pelas linhas citadas acima. Ela tem seu papel: padronizar, trazer ritmo, criar uma sistemática, a ação vinculada a uma repetição. Para lembrar-se disso é bem fácil e a natureza se encarrega de trazer um simples e bem pequeno exemplo: as formigas. Trabalhadoras incansáveis, tem como a disciplina seu guia para sobrevivência. Se você perde a disciplina a rotina te atropela!


Até a próxima semana!