domingo, 25 de janeiro de 2015

Desafio!

Volta à Ilha - Florianópolis/ SC


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       Pode-se dizer que é uma palavra formada por quatro sílabas, sete letras... Poderia discorrer aqui sobre sua estrutura morfológica ou fonética, porém o que me atenho a descrever é o seu significado. Para alguns dicionários, o seu significado pode ser “ação de desafiar”; “competição”; “provocação”. Para você, qual o significado que essa palavra pode ter na sua vida? Permita-se refletir neste momento. Pare de ler e tente buscar apenas um dos diversos desafios que todos os dias nos acometem. Lembre-se de um desafio já vivido, ou que se passa no tempo presente, ou ainda aquele que virá. Pensou?! Guarde ele até o final deste artigo, posteriormente fará sentido isto. O ponto chave dos significados descritos acima é ação. Em todos pode-se dizer que há um impulso a mover-se. Aqui não se diz se isso será para o bem ou mal, apenas existe um movimento. Quando pensamos nesta palavra, logo vem à mente algo grandioso que alguém fez um dia ou está fazendo. Que força que ela tem, não?! Desbrava nossa memória aos mais longínquos pensamentos. Começa uma viagem nas lembranças antigas e recentes. Eis um segundo ponto importante que essa palavra traz: percurso, distância, ou até mesmo caminho.
A menor distância entre dois pontos é dada por uma reta segundo a geometria, contudo, existem as curvas! Elas podem aumentar o percurso do ponto inicial ao final. Em outras palavras, aumentam a chegada ao final do seu desafio, do seu objetivo. Quando encaramos um desafio, fazemos um rápido levantamento dos prós e contras. Natural isto acontecer, trata-se de instinto. Você avalia riscos e oportunidades e faz uma escolha. Ouvi um conceito interessante sobre escolha em 2012, logo quando comecei a participar de um grupo da Igreja Católica: “para cada escolha, uma renúncia”. Escutei aquela declaração pela primeira vez e por ela fui impactado. Sem perceber, ela ficou registrada nas minhas memórias repousando. Aos poucos, as palavras se desdobraram em inúmeras outras e em diversos contextos. Num primeiro momento, fui resistente ao que realmente elas queriam me dizer.
Sou conhecido por fazer muitas coisas e de fato concretizá-las. Recebi o apelido de Pilha recentemente, uma brincadeira como meu sobrenome. Desde pequeno, fui “treinado” pelos meus pais a ser assim. Fazia muitas atividades pós escola, de curso de inglês, a aulas de natação e de artes marciais. Tinha uma agenda, acreditem! Essa rotina criou uma marca em mim que transformou-se em um hábito. Posso dizer que a multitarefa é uma característica nata a mim, parte do que sou e que me traz muita força para trilhar os caminhos que escolho seguir. Retornando àquela frase, ela ressoava contraditória a todo este histórico. Ressoava, até metade do ano passado, quando um amigo me disse: “não importa o que você faz, nem quanto, desde que seja para Deus”. Isso caiu como uma bigorna em mim, pois era um momento que vivia muitas coisas ao mesmo tempo. Esse ano que passou foi literalmente intenso, e de um desabafo veio este conselho. Parei, refleti muito sobre o que ouvi e várias peças de uma longo quebra-cabeça haviam se encaixado. Aquela frase de 2012 veio novamente e esta complementou o significado.
O resultado foi uma explosão de sentimentos, de paradigmas rompidos. A compreensão que tive é que sim, podemos ser multitarefas, fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Engraçado ou não, daremos conta do recado. Todavia, quanto de tudo o que fizemos foi aproveitado, vivido? Quanto foi absorvido pelas suas memórias e gerou discernimentos que ressoam ao longo dos dias, semanas, meses e anos? Eis o ponto! Fiz uma retrospectiva de várias coisas importantes que já vivi, de vários desafios que decidi encarar. Alguns me trouxeram tristeza, pois apenas passei por eles. Fui do ponto inicial ao final, concluí, mas não vivi. Talvez seja por isso que os pais dizem algumas vezes para nós: “você terá que quebrar a cara para aprender!”. Você já ouviu isso dos seus pais? Pense bem nisso, aí está um grande ensinamento e dado com amor e por amor. Aprendi que as coisas têm o seu tempo para ocorrerem, o seu processo (como aprendi em um retiro da Igreja Católica que fiz em 2013). “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém” (I Cor 6,12) ou “para cada escolha, uma renúncia”, não importa o que você fará, faça escolhas e decida primeiro a viver elas sem pensar no final. Esta conclusão que se busca só fará sentido se existir um “meio” entre o início e o fim. Permita-se! Retome agora o seu desafio que pedi para aguardar. Faz sentido a forma como você está o encarando até esta linha? Ou, fez sentido o desafio que você viveu? Você pode mudar isto a partir deste ponto, seja o desafio atual, ou os que virão. Vale aqui o aprendizado que se pode tirar e as ações que serão tomadas (recorde-se dos significados dos dicionários que comentei no primeiro parágrafo).
Decidi escrever este blog porque assumi um desafio para 2015: correr uma maratona. Serão 42,195 km de uma longa distância, uma trajetória que ao final poderei dizer “sou um maratonista!”. O que importará ao final, na linha de chegada, além obviamente da conclusão da prova e a conclusão do desafio, será tudo o que vivi para chegar naquele exato momento. O ponta pé inicial desta jornada foi dado em 05/01/2015, juntamente com meu amigo, irmão de caminhada e treinador Marcus Vinicius Vargas. Na simplicidade de uma praia, correndo e partilhando sobre, engraçado dizer, a vida! É isso que quero fazer até o dia 14/06/2015, quando pretendo encarar o desafio. Convido você a me acompanhar por estas 23 semanas que me separam da linha de chegada. Até lá, semanalmente, postarei aqui um artigo novo descrevendo essa trajetória. Fiz uma escolha que irá gerar várias renúncias, mas será entregue a Deus. Aí tudo fará sentindo, pois cada km que farei será uma forma de oração santificado na graça do Pai.

Até a próxima semana!