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Quando
você acha que já viveu tudo, depara-se com uma maratona em 2 dias. Acredite, é
possível! Nessa reta final de treinos, confesso, que algumas vezes, questiono-me
do que estou fazendo. Treinar, às vezes é chato... O fim do verão e início do
inverno já traz um desânimo ao ser humano aqui que vos escreve. Vem o frio,
chuvas intermináveis (pelo menos na região sul do país é assim), vem a
preguiça, a vontade de comer (isso é bom no inverno!), entre outros motivos que
poderia elencar para justificar a função que o inverno traz para a minha vida
ao menos. Se não bastasse tudo isso, eu ainda tenho que treinar. É nessas horas
que eu realmente não estou afim é que o “bicho pega”...
Ainda
faltam 20 dias até o grande dia, entretanto, uma prévia do que viverei no dia
14/06/2015 consegui ter nesta semana. O título aponta a notícia, como num
resumo, porém é curto demais para detalhar toda a experiência vivida. Acompanhe
o que foi cada dia!
1º
dia: o foco do treino foi acertar o ritmo da prova e entender a necessidade de
hidratação e suplementação. O percurso todo fiz num ritmo que hoje para mim é
bem tranquilo, entre 5’30 a 6’00 de pace. O meu treinador me acompanhou nessa
1º etapa e foi muito bom, porque em alguns momentos (como de costume logo no início)
quis aumentar o ritmo e ele me fez a ressalva: “esse vai ser o teu ritmo de
prova, tranquilo, poupando no início para usar lá na frente... vai fazer falta!”
Além disso, acho que na hidratação e suplementação ele quis me mostrar como era
literalmente sentir sede no percurso, pois paramos poucas vezes para hidratar e
na última, que sugeri para pararmos, ele disse: “viu, isso na prova nunca pode
acontecer. Teu corpo não pode sentir sede, por isso é importante de 4 em 4km
tomar água, ou isotônico, mesmo que não tenha sede.” A sensação final do
treino, apesar de ser tranquilo pelo pace que fizemos, era de cansaço.
Impressionante como o corpo responde à falta de água. Perdemos muito líquido
quando corremos e não repor é correr um sério risco de “quebrar”, como se
costuma dizer no mundo runner, em outras palavras, parar e não conseguir mais
continuar.
2º
dia: o foco do treino foi correr sentindo as dores musculares do dia anterior.
Foram muitas dores! Saí no 1ºkm com a sensação das pernas pesadas (pela
experiência dos 30km que fiz recentemente, já sei que isso não é um bom sinal),
segui receoso. Lembrei de um amigo dizendo que a mente prega peças e o maior
desafio é vence-la. Vivenciei isso, sem querer ser repetitivo, no treino de
30km. No treino de hoje a luta contra o EU foi constante. Mentalmente, apesar
do Nike+ contar os km do treino do dia, na minha mente quando fechei os 9km, na
verdade fechava os 30km da semana passada. Um dia de intervalo, em comparação a
outra experiência, foi mais “fácil” do que sem intervalos fechar essa
quilometragem. Quando esqueci as pernas, começou o joelho e logo depois de esquecer esse veio as dores
nos pés, mais especificamente nos dedos. Essa me acompanhou até o momento de encerrar
o treino. Cheguei nos 19km, 40km no acumulado, o cansaço, as dores eram
grandes, mas faltavam apenas 2km. Lá fui eu, concluí! Uma sensação nova, vem
muitas coisas na cabeça nesse momento, mas o que mais vivo ficou foi a ideia de
cruzar a linha de chegada e poder dizer: “agora eu sou um MARATONISTA”.
Recebi
nessa semana uma mensagem de um amigo que dizia que os 30km iniciais quem te
leva até eles são tuas pernas, os 12km seguintes a tua mente e os 195m finais é
o teu coração. Nesse quase final de desafio, um mix de emoções me toma. Olhar
para trás e ver a bagagem que adquiri, a torcida das pessoas que me amam e que
acreditam em mim, faz com que aquela frase do treino chato desapareça. Nem dor,
nem cansaço, diminuem a importância de poder trilhar esse caminho. Falta pouco!
Até
a próxima semana!