domingo, 1 de fevereiro de 2015

A batalha do EU




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Você já teve aquela sensação de estar rodeado de pessoas e sentir-se só? Às vezes estamos junto de quem conhecemos e mesmo assim essa sensação aparece como um pop-up (sempre indesejável). Nosso cérebro é uma caixinha cheia de surpresas, pois prega peças, ou, em outras palavras, nos sabota num grande duelo contra o “EU”. Na corrida não é diferente, lá está você e o seu “EU”. Sim, por mais que seus amigos, ou grupo de corridas estejam juntos, os kms que virão cabem a você desbravá-los e vencê-los. Domingo passado vivi este duelo, estava junto de um amigo para fazer o treino de longão, mas mesmo assim o que cada um ia correr era único e exclusivamente seu. Corremos 12km juntos e segui os outros 5km literalmente sozinho. Nesse momento, percebi o que escrevo, estive sozinho desde o primeiro km!
Do 1km ao 4km, o “EU” dizia: “O que você está fazendo num domingo 7h da manhã correndo? Vai dormir!”. Ignorei a informação e segui, vencendo essa etapa da batalha e crendo que os kms seguintes seriam melhores. A partir daí e até o décimo km volta o “EU” a dizer: “Tchê, tu não entendeu?! Olha a dor nas panturrilhas, a sede, o calor do sol! E aí?!”. E aí que quase concordei, mas segui. Os km seguintes foram realmente mais tranquilos e quando terminei o treino veio aquele sentimento de dever cumprido. Meu professor tinha me passado a meta de 17km em 1h35, fechei em 1h26! Naquele momento, todo o esforço fez sentido, me empoderei de que sou capaz. Dessa vez a batalha era minha, mas o “EU” disse: “Me aguarde nos próximos treinos, estarei lá!”. Ele nunca falta aos treinos...
Houve outros treinos, e novamente a mesma coisa voltou a ocorrer, fui avisado! Entretanto, em um dos treinos, algo novo aconteceu. Sempre penso e trago comigo que Deus fala ou age nos detalhes, basta estarmos atentos. Ia fazer um treino chamado fartlek (ritmo fraco e forte continuamente, sem parar) e, naquele dia específico, as dores nas panturrilhas estavam além do normal. Tinha trabalhado o dia todo, dormido pouco na noite anterior... Quando cheguei ao Parcão (parque Moinhos de Vento em Porto Alegre) pensei: “Hoje mereço um day off, treinei puxado todos os dias!”. Terminei de pensar isso e esse rapaz passa por mim. Dava para ver que recém tinha terminado de se exercitar. Não sei se apenas caminhou ou talvez até tenha corrido, mas naquele momento veio uma vergonha sem tamanho. Instantaneamente, as dores e o cansaço haviam passado. Concluí o treino e foi um dos melhores dos últimos tempos.

Parcão (Parque Moinhos de Vento Porto Alegre - RS)
Motivação: eis o algo novo que comentei. Essa ferramenta nada mais é do que um impulso interno que nos leva à ação. A palavra sugere exatamente isso: motivo + ação. Ela age sobre o seu pensamento, modifica sua atenção, trabalha sua emoção e dá o start para a ação. Envolve anseios, desejo, força, sonho e esperança. Fica a pergunta: qual a sua motivação? Você sabe? Ano passado fui atrás desse entendimento. Passavam-se 9 anos que trabalhava na mesma empresa e aí comecei a me perguntar: “Será que é aqui mesmo que vou desenhar minha carreira? Por que ainda estou aqui?”. Buscando dar um novo rumo para a minha carreira, ingressei num processo de coach com o Tiago Teixeira da Potencializa-se. Poderia escrever um artigo só desta experiência e ainda assim faltariam páginas, mas o que me atenho a dizer é o que aprendi sobre motivação. Mapeei meu perfil com a ajuda desse profissional e descobri quais são os meus mecanismos motivadores, aquilo que me faz levantar da cama, o que dá sentido as minhas ações. Mudou minha vida, pois hoje consigo empregar a energia que aprendi a controlar em tudo o que faço, inclusive num treino de corrida!
Muitas semanas ainda virão, estou terminando apenas a 4ª de 23 semanas. Quais os desafios que me aguardam? Hoje é o calor e as dores, daqui alguns meses será o frio, a chuva, a preguiça, o cansaço, as lesões... Enfim, muita coisa virá, mas como disse no artigo da semana passada (Desafio!), o que mais importa é todo esse aprendizado que estou vivendo até a linha de chegada. Encerro com a frase que vi no Instagram dias atrás. 

Até a próxima semana!


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