domingo, 19 de julho de 2015

Tensão Pré-Prova

  
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As vésperas do dia do Desafio, a tensão era alta. Vários sentimentos estavam envolvidos como a ansiedade da largada, o medo de quebrar (lesão) na prova e a alegria de ter encarado essa jornada. Você já deve ter vivido alguns momentos de tensão na sua vida, os piores, na minha opinião, são aqueles com data marcada. Você sabe que no dia “x” tal coisa vai acontecer e é inevitável não pensar nisso. Quer fazer um teste rápido? Pense num elefante rosa, mentalize detalhes da imagem. Agora pare de pensar no elefante rosa. Conseguiu? Se sim, parabéns, você possui um auto controle muito bom.
O que mais preocupa, sem dúvidas, é o psicológico. Muitas pessoas me falaram que correr uma maratona é 70% mental e somente 30% físico. Alguns arriscaram a dizer que chega a ser 90% mental. Na semana que antecedeu a maratona, tive a sorte de estar de férias. Pude parar e esvaziar a mente, conversar com amigos que já viveram essa experiência (alguns até ultramaratonas). Recebi deles uma “injeção” de gás, de motivação! O conselho que mais marcou foi do meu amigo Alemão, que me disse num almoço: “[...] te diverte  na prova!”. Aproveitei toda essa carga emocional para curtir cada momento dessa reta final e refletir.
A sexta era uma data muito importante para a Ali e eu, Dia dos Namorados. Diferente do último ano em que saímos para jantar, neste ganhei o maior presente, o carinho dela em entender o meu momento e ainda preparar o jantar. Aproveitamos para conversar um pouco, curtir um ao outro. Ao longo dessa trajetória, sem ela, sem dúvidas, não chegaria ao final. Minha maior apoiadora e com quem sempre pude partilhar e receber os conselhos certos.


O sábado começou diferente, logo quando acordei decidi pôr o celular em modo avião. Avisei os amigos que, se alguém precisasse falar comigo, estaria com a Ali, era só contatar ela. Procurei manter a mente ocupada e logo cedo saímos para comprar algumas coisas que faltavam. Nosso tour começou pela loja de suplemento da SNC no Parcão. Foi muito bom encontrar outros runners e poder conversar um pouco. Depois demos um pulo na loja de equipamentos esportivos Quallys para comprar um canelito, lembrei na sexta que o meu tinha dado para o meu amigo Christian. Pausa para um almoço em família. Fomos na casa dos dindos dela, Marta e Zé, um momento especial. Me senti muito parte da família com todos perguntando sobre a prova que ia ser no dia seguinte. Recebi o carinho e o zelo de todos. O tio Zé ainda brincou que a feijoada ia dar o gás final da prova! Ficou a promessa que pós prova ainda íamos comemorar com a cerveja artesanal que ele faz. Alegria e boas risadas no meio de um turbilhão de sentimentos.
À tarde, fechamos o tour indo ao supermercado. Lá, combinei de encontrar meu amigo Tiaguinho. Brinco que ele é o meu “poder superior”, no sentido de ser alguém que me traz muita segurança. Ele seria meu staff na prova e peça fundamental em todo o planejamento feito pelo meu treinador e amigo, Vini. Encontramos ele já no final das compras e fomos para a praça de alimentação do shopping. A ideia desse encontro era acertarmos os últimos detalhes, vendo o mapa do percurso e fazer a última tarefa que o Vini tinha me passado: fazer a prova mentalmente pensando em cada km da prova. Entreguei a ele a suplementação e hidratação com o planejamento km a km montado pelo Vini e pensei “agora não resta mais nada a se fazer”. Aproveitei que ele teve que voltar ao supermercado e a emoção tomou conta de uma forma que não controlei e desabei a chorar Para me confortar estava a Ali, o melhor abraço do mundo!


Para fechar a noite, rolou ainda jantinha especial, o famoso jantar de massas. O melhor, foi feito pelo melhor mestre-cuca da cidade, a Ali! A escolha do tipo da massa foi a minha preferida, fusilli longo. Só encontro num restaurante em Porto Alegre, mas lá não tem o melhor tempero, o amor! Organizei tudo que ia precisar para a prova e fui tentar dormir. Cabeça a mil por hora. Aos poucos fui relaxando e apaguei. A Ali ainda ia ficar acordada terminando de fazer algumas coisas para o dia seguinte, sem entender o que ainda teria para organizar dormi. No dia seguinte... Ah, essa parte fica para semana que vem!

Até a próxima semana!


segunda-feira, 13 de julho de 2015

30 dias como um maratonista



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Quase 1 mês depois do dia em que me desafiei por longos 42,195km, posso dizer que foi uma experiência única e que pelo menos uma vez na vida todos deveriam ter essa experiência. No dia 14/06/2015, disputava a 32º Maratona Internacional de Porto Alegre sem a menor pretensão de colocação, apenas com a meta de concluir a prova em menos de 4h. Encarei de frente o percurso, mas descobri que quem eu enfrentava era na verdade eu mesmo a cada km.
Demorei todo esse tempo para voltar a escrever no blog para assimilar toda essa experiência. Me preparar para essa prova mudou minha vida. Mudou meus hábitos, desde a alimentação até mesmo a hora de dormir. Tive que me preocupar em reservar espaço no dia para treinar, aprender a lidar com dores e com a falta de vontade de treinar. Parece clichê, mas me dediquei muito para o dia “D”. Tudo o que vive me fez repensar muitas coisas na minha vida, valorizar as coisas de outra forma, entender que cada coisa tem o seu tempo. Trabalhei muito a minha ansiedade e a disciplina. Não sou hoje o Sr. Zen e o 100% disciplina, mas consigo entender os gatilhos que me fazem ser mais ansioso e menos disciplinado.




Escrevo hoje para dizer que hoje não vou escrever. Estranho? Não, eu explico. Tudo isto que vivi é muita informação para encaixar num único post. Então, ao longo das 4 próximas semanas, vou escrever e contar para vocês como me tornei um maratonista.  No último falarei qual será o próximo desafio! Os temas serão: “Pré-Prova”, “A Prova!”, “Pós-Prova” e “Próximos Desafios”.
O que posso adiantar é que nunca me diverti tanto! Fiz muitas escolhas e também muitas renúncias! Hoje, posso dizer: sou um MARATONISTA! Essa é a maior e melhor medalha que já conquistei. Por que? Consegui aproveitar cada momento e aprender com eles. Senti medo, raiva, em alguns momentos chorei, em outros dei muita risada e no final recebi o carinho de amigos, familiares e da minha maior torcedora, a Ali. Encerro esse post com a frase que levei comigo ao longo de toda a prova “se você está cansado de recomeçar, então pare de desistir”.



Até a próxima semana!


domingo, 7 de junho de 2015

Qual o seu combustível?




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Passaram-se longas 22 semanas das 23 semanas que me separam do grande dia, a maratona! Vocês vem me acompanhando desde o dia que lancei o desafio, tanto que já tive mais de 1800 visualizações no blog de pessoas do mundo todo (só faltou a África e a Oceania para fechar o globo!). Só tenho a agradecer muito a todos vocês, pois a ideia dessa ferramenta era justamente gerar um comprometimento em mim para não me fazer desistir do desafio ao longo dessa jornada. Receber mensagens, pessoas me encontrando e perguntando “como estão os treinos?”, ou “tu é louco?”, me fizeram chegar até aqui!



De lá pra cá muita, mas muita coisa aconteceu. Posso dizer que vivi semanas intensas e tive a impressão de terem sido muito mais. O tempo é engraçado, às vezes amigo, outras inimigo, algumas vezes cruel, mas acima de tudo ele ensina... Aprendi que travamos uma batalha contra si, contra o eu, e que nem sempre planejar é acertar. Descobri como a corrida me faz bem, ajudando-me a esvaziar a mente, sendo quase que um momento de meditação. Descobri como arrumar a bagagem, escolher o que pôr nela e que apenas 1/3 do que se coloca realmente se usa na prática!
Fui atropelado pela rotina e senti na pele o quão difícil é dedicar-se às coisas. Se tivesse um gráfico dos meus treinos posso dizer que iniciei numa crescente, tive uma ameaça de declínio, voltei a subir e depois mantive-me numa linearidade. O melhor foi saber o apoio que tenho das pessoas que fazem parte da minha vida, isso faz a diferença. Acreditar e fazer são duas palavras de peso. Quando achei que tudo estava perdido, numa partilha entre amigos, descobri que o recomeçar é diário. Uma das maiores lições: ritmo. Falar para alguém que leva a vida com o “pé no acelerador” para desacelerar não é tarefa fácil! Enfrentei barreiras que achava intransponíveis e vivi em 2 dias uma maratona.
Ufa! Viver tudo isso só fez sentido porque tive um combustível que me fez ir adiante: os amigos. Quando você está desanimado, eles te dão o gás para seguir. Sem eles, não conseguiria. Venho pensando nisso há uns 15 dias e recordando. Recomecei a correr, depois da lesão que comentei em post anteriores, depois de conhecer o Alemão e ver a paixão dele por corridas. Fiz meus primeiros 21km conversando com ele numa partilha de vida numa viagem que fizemos juntos ao Uruguai. Ele me distraiu e quando terminou, me mostrou o GPS dele marcando a distância, foi demais! Logo na retomada dos treinos antes dos 21km que comentei, fiz vários treinos com o Tiaguinho e o Dudu. Com o Dudu, corri meus primeiros 12km trail morro acima!
Minha primeira prova depois de uma cirurgia que fiz nos olhos foi com o Botelhera, Cleiton e Dieguinho numa prova muito louca e divertida. A casa do Duda é meu ponto de parada de água quando faço alguns treinos em Cachoeirinha, e me lembrei dele quando encarei os 30km. Foi a garra dele que me fez terminar aquele treino. O Vini, coitado, vem me aturando desde janeiro. Além de amigo me treina, ou seja, haja paciência comigo hehe. O Marques me acompanhou num treino desde o início desse desafio, mas esteve presente na segunda vez que corri meia maratona. Em compensação, o Marcião esteve em vários dos meus treinos ao longo desse desafio. Por fim, a minha staff número 1, minha parceira, amiga e meu amor (precisa dizer mais alguma coisa?!), a Ali.


Recebi do Duda uma dezena do terço que vou levar junto comigo na prova domingo que vem. Já tenho a minha meta de tempo, 4:10. Essa é a meta que o Vini passou, a minha pessoal é fazer sub 4. Quer saber como vou fazer? Vou lembrar de cada palavra que escrevi nesse último post antes da prova, dos amigos que levo no coração e da fé que estará representada no tercinho que ganhei. Neste domingo faço meus últimos 15km. Tempos atrás chamaria de longão, hoje digo que é rodagem. Faço mais 5km na segunda-feira e depois a prova! Qual o seu combustível? Ou, o que te motiva? Para mim sem dúvidas são os amigos.


Termino sempre dizendo “até a próxima semana!”, dessa vez encerro dizendo: até a maratona!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A Maratona... em 2 dias


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Quando você acha que já viveu tudo, depara-se com uma maratona em 2 dias. Acredite, é possível! Nessa reta final de treinos, confesso, que algumas vezes, questiono-me do que estou fazendo. Treinar, às vezes é chato... O fim do verão e início do inverno já traz um desânimo ao ser humano aqui que vos escreve. Vem o frio, chuvas intermináveis (pelo menos na região sul do país é assim), vem a preguiça, a vontade de comer (isso é bom no inverno!), entre outros motivos que poderia elencar para justificar a função que o inverno traz para a minha vida ao menos. Se não bastasse tudo isso, eu ainda tenho que treinar. É nessas horas que eu realmente não estou afim é que o “bicho pega”...
Ainda faltam 20 dias até o grande dia, entretanto, uma prévia do que viverei no dia 14/06/2015 consegui ter nesta semana. O título aponta a notícia, como num resumo, porém é curto demais para detalhar toda a experiência vivida. Acompanhe o que foi cada dia!
1º dia: o foco do treino foi acertar o ritmo da prova e entender a necessidade de hidratação e suplementação. O percurso todo fiz num ritmo que hoje para mim é bem tranquilo, entre 5’30 a 6’00 de pace. O meu treinador me acompanhou nessa 1º etapa e foi muito bom, porque em alguns momentos (como de costume logo no início) quis aumentar o ritmo e ele me fez a ressalva: “esse vai ser o teu ritmo de prova, tranquilo, poupando no início para usar lá na frente... vai fazer falta!” Além disso, acho que na hidratação e suplementação ele quis me mostrar como era literalmente sentir sede no percurso, pois paramos poucas vezes para hidratar e na última, que sugeri para pararmos, ele disse: “viu, isso na prova nunca pode acontecer. Teu corpo não pode sentir sede, por isso é importante de 4 em 4km tomar água, ou isotônico, mesmo que não tenha sede.” A sensação final do treino, apesar de ser tranquilo pelo pace que fizemos, era de cansaço. Impressionante como o corpo responde à falta de água. Perdemos muito líquido quando corremos e não repor é correr um sério risco de “quebrar”, como se costuma dizer no mundo runner, em outras palavras, parar e não conseguir mais continuar.
2º dia: o foco do treino foi correr sentindo as dores musculares do dia anterior. Foram muitas dores! Saí no 1ºkm com a sensação das pernas pesadas (pela experiência dos 30km que fiz recentemente, já sei que isso não é um bom sinal), segui receoso. Lembrei de um amigo dizendo que a mente prega peças e o maior desafio é vence-la. Vivenciei isso, sem querer ser repetitivo, no treino de 30km. No treino de hoje a luta contra o EU foi constante. Mentalmente, apesar do Nike+ contar os km do treino do dia, na minha mente quando fechei os 9km, na verdade fechava os 30km da semana passada. Um dia de intervalo, em comparação a outra experiência, foi mais “fácil” do que sem intervalos fechar essa quilometragem. Quando esqueci as pernas, começou o joelho  e logo depois de esquecer esse veio as dores nos pés, mais especificamente nos dedos. Essa me acompanhou até o momento de encerrar o treino. Cheguei nos 19km, 40km no acumulado, o cansaço, as dores eram grandes, mas faltavam apenas 2km. Lá fui eu, concluí! Uma sensação nova, vem muitas coisas na cabeça nesse momento, mas o que mais vivo ficou foi a ideia de cruzar a linha de chegada e poder dizer: “agora eu sou um MARATONISTA”.



Recebi nessa semana uma mensagem de um amigo que dizia que os 30km iniciais quem te leva até eles são tuas pernas, os 12km seguintes a tua mente e os 195m finais é o teu coração. Nesse quase final de desafio, um mix de emoções me toma. Olhar para trás e ver a bagagem que adquiri, a torcida das pessoas que me amam e que acreditam em mim, faz com que aquela frase do treino chato desapareça. Nem dor, nem cansaço, diminuem a importância de poder trilhar esse caminho. Falta pouco!




Até a próxima semana!


domingo, 10 de maio de 2015

A barreira dos 30km


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Relembrava essa semana o meu começo no mundo dos runners. Quando iniciei, lembro que caminhava por um tempo “x”. Aos poucos comecei a intercalar a corrida. Meu primeiro treino intercalando durei apenas 2min correndo! Nessa época, meus treinos resumiam-se aos finais de semana, então, de semana a semana, tentava aumentar o tempo da corrida e diminuir o que destinava a caminhar. Até que um dia consegui, e ao encerrar o treino o sentimento era de dever cumprido. Não foi fácil, fiquei exausto, mas o sentimento era de felicidade por ter conseguido ir além!
Nessa época praticava jiu-jitsu e trazia comigo uma frase do professor da equipe em que treinava: “quando você achar que não há mais como, ainda assim existirá 30% de força dentro de você!”. Como ele chegou nesse número e se realmente isso era real, não sei, mas essa frase rondou minha mente e de alguma forma achei a força escondida que me fez concluir o treino de 20min correndo (esses eram meus treinos na época). Você já deve ter ouvido a frase “o seu pior inimigo é você mesmo”. Frase dura, mas pense bem, o primeiro “NÃO” que você ouve é o seu mesmo! Travamos uma batalha interna, diversas vezes e em diversas situações. Mudam os cenários e circunstâncias, mas os personagens principais permanecem.
O que o professor falava antes de cada competição que disputávamos, era muito mais do que um discurso motivador. Sem saber, talvez, tentava mostrar o que todos tem dentro de si. Isso fazia me lembrar do meu pai, que sempre diz: “tudo aquilo que precisa está dentro de você, basta procurar!”. Durante minha formação acadêmica, descobri um conceito que uniu essas duas lições de vida chamado resiliência. Fiz muito uso dela durante a fase “TCC” e, para não fugir dos conceitos, segundo George Barbosa, a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades. Eis aí a força interior! Essa competência nos auxilia na tomada de decisão e nos faz ir além e dar o nosso máximo.


Sábado passado todas essas frases, conceitos, gatilhos motivadores, estiveram reunidos potencializando os 5km finais do meu treino. Foi a primeira vez que corri mais de 21km e uma nova experiência me aguardava. Cruzei com um amigo no meio do treino e ele me perguntou: “falta quanto pro final do treino?”, respondi “10km para fechar os 30!”. A cada km que ultrapassava depois dos 21 era uma barreira sendo vencida. Ao chegar no 22º pensei: “estou bem, sem cansaço e sem dor muscular”, segui em frente. Quando cruzei o 24º, a sensação era que minhas pernas pesavam o dobro, e nos 24,380km meu corpo disse basta, e parei! Levei um susto, cheguei a pensar que tinha estourado alguma articulação. Fiquei alguns instantes analisando-me e vi que na verdade não era nada, estava tudo bem.
Segui e cruzei o 25º e 26ºkm. Aos 26,400km uma sinaleira num cruzamento me fez parar. Minhas panturrilhas latejavam, estava com sede e comecei a sentir muita dor nas pernas. Minha hidratação e suplementação eram a cada 7km, então minha “parada” oficial seria no km 28. Sinal aberto, segui. Veio o 27º e então o esperado 28º km. De fato, parei e chorei. Sem ser clichê, chorei mesmo. Sentia muita, mas muita fome e me bateu uma fraqueza no corpo que me fez pensar: “para! Pra quê tudo isso?!”. Fiquei repetindo essa pergunta, vendo se fazia sentido, a resposta foi “não faz”, mas não podia parar, já havia percorrido 28km e faltavam apenas 2km! Nesse momento, lembrei do relato de um amigo na TTT desse ano e as lições de vida que comentava vieram a mente.
Recomecei, e sem ter feito a hidratação e suplementação. Não havia nada por perto para eu comprar alguma coisa e me restavam apenas R$ 1,50 da minha última parada. Avistei uma padaria e não pensei duas vezes. Comprei três saches de doce de leite: foi a melhor refeição que já havia feito. Exagero, óbvio, mas deu a energia que precisava. Segui e cruzei o 29ºkm e com ele o início do último. Alguém comentou em algum post nessas últimas semanas que a barreira dos 30km é a mais difícil, acreditem é mesmo! Fiquei com o GPS em mãos e a cada 100 metros a dor nas pernas aumentavam. Nunca havia sentido coisa igual, mais 100 metros e fim! 30km depois, exaustão sem igual, dores sem igual e um sorriso no rosto sem igual também.


Adivinha o que aconteceu?! Chorei hehe... A melhor parte não foi o fim, mas cada km que superei. Quando disse ao meu amigo que faltavam 10km, achei que seria barbada porque estava “sobrando” no treino. Só que não! Além dos 30km, irão me esperar mais 12,195km. Só conseguirei chegar lá se acreditar e conseguir ser resiliente para que, no meio do percurso, consiga ir além!


Até a próxima semana!


domingo, 3 de maio de 2015

Qual o seu ritmo?!



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No mundo das corridas existe uma métrica, ou em outras palavras, um indicador do ritmo da corrida. Conhecido como pace, a forma para chegar-se nele é simples, basta medir o seu ritmo em minuto por quilômetro (min/km). Os atletas (amadores ou profissionais), com seus relógios ou app de celular, acompanham o pace ao decorrer de um treino ou mesmo prova. É uma forma de saber como está o andamento e assim planejar melhor a sua performance. Isto porque é possível guardar o seu histórico e ir acompanhando a evolução treino após treino. Já em provas, torna-se peça chave para planejá-la, pois você consegue prever o desgaste que o seu corpo terá e a forma como poderá reduzi-lo com paradas para água e suplementação.
Ao longo desse Desafio! de correr a minha primeira maratona, mês após mês, meu treinador acompanha-me passando os mais diversos treinos através de uma planilha. Quando recomecei meus treinos, após não ter feitos vários pela dor no joelho, meu treinador foi realista em dizer que a minha maratona estava comprometida. Foi duro ouvir isso, mas faz parte: “no pain, no gain”. Ele reavaliou meus treinos, incluiu alguns de reforço muscular com exercícios de funcional e reviu o pace dos meus treinos, principalmente os do tipo “longão”.


Confesso que, logo quando vi a nova versão da planilha, pensei “ele deve estar me subestimando, fiz treinos muito mais duros com pace mais baixos que esses novos”. Ainda intrigado, questionei qual o propósito de tanta modificação. O retorno foi que apesar de eu já conseguir correr a um pace de 4’30, não vou correr a maratona toda nesse ritmo. Isso foi muito importante neste momento, pois pensei seriamente em desistir desse desafio com receio de me lesionar novamente, como em 2012. Ter esse tipo de apoio dá a confiança para seguir em frente. Melhor que ninguém, ele sabe o pace mais adequado e possível para esse momento, aquele que não irá prejudicar todo o treinamento feito até então e ainda evitar algum estresse emocional por não conseguir atingir algum objetivo de treinos ou o da minha prova (daqui exatos 41 dias!).
Isso tudo me fez pensar não só nos treinos e na prova, mas na vida. Sem saber (ou quase sem saber), você coloca um ritmo diferente nas coisas que faz. Para algumas coisas, um ritmo mais forte, para outras nem tanto. Muitas vezes você para e pensa “para quê?”, “faz sentido?”. Deve ser por isso que muitas pessoas optam por ir morar em lugares que fogem da loucura de uma cidade grande. O que elas buscam? Um ritmo diferente para a vida... Nesses últimos 2 meses venho aprendendo a colocar um ritmo diferente nas coisas que faço e que estou comprometido. Não é nada fácil para mim, mas fazer isso faz com que dê a importância certa para as coisas, entenda o ritmo dos outros e o mais importante, respeite o meu que nem sempre é ligado no 220v.



Hoje me permiti não fazer o treino de 25km da planilha. Estava cansado dos últimos dias, porém sei que ele é importante e que de alguma forma vou ter que encaixá-lo na próxima semana (provavelmente entre segunda ou terça-feira que serão os meus day off). Agora, ao escrever esse post, penso que foi a melhor escolha. Reduzi meu ritmo! Quem diria que correr seria algo terapêutico?! Essas são as surpresas boas que encontramos pelo caminho. O mais importante em concluir essa maratona, não será apenas percorrer os 42,195 km, mas sim todo esse caminho que estou percorrendo até a linha de chegada! Pergunte a você, qual o ritmo da sua vida?! Sempre há tempo de mudar!


Até a próxima semana!


segunda-feira, 27 de abril de 2015

Recomeçar




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Dias atrás ouvi um discernimento sobre recomeço que me fez repensar várias coisas que vivi nos últimos tempos. Num momento de partilha de dois amigos na reunião do grupo Acamps ouvi sobre esse tema. Não costumo ir nas reuniões (inclusive foi a primeira vez, apesar de conhecer a todos), mas por algum motivo estava lá. No decorrer daquele momento, fui conduzido a parar e refletir. A ação de acessar momentos da vida nem sempre é um exercício fácil, pois nem tudo o que a nossa mente armazena em suas lembranças são coisas boas. Se pudéssemos, de alguma forma, apagar alguma delas estaríamos tentados ao menos a cogitar a hipótese de o fazer. Comecei, então, o processo de análise e fui deparando-me com as mais diversas recordações. Em cada uma, boa ou ruim, existiam uma infinidade de sentimentos envolvidos que justificavam as ações e o direcionamento traçado.
O que recomeçar tem a ver com a dinâmica de parar e olhar para si? Tudo, acredite! Foi este o grande aprendizado que consegui absorver do discernimento que comentava. Sem querer ser simplista, a vida te impõe dois tipos de recomeços: reativos ou pró-ativos. Ambos estão tomados de sentimentos e irão de alguma forma impulsioná-lo a agir, a diferença entre eles é como você fará isso. O recomeço reativo faz com que a vida lhe impulsione. Algum fato muito marcante bagunça a sua zona de conforto e você acaba por não ter outra opção além de fazer algo para mudar aquele cenário. Os exemplos para esse tipo são inúmeros, é só lembrar dos jogos paraolímpicos. O ponto marcante é a superação que provoca a mudança. Já o recomeço pró-ativo, parte do ato que comentava no início deste artigo, parar e pensar. Assemelha-se ao método PDCA utilizado na gestão de empresas. Planejar, executar, verificar e corrigir, faz com que um ciclo de melhoria continua seja aplicado. O ponto marcante é que você é o agente da mudança.


Independentemente do tipo, o ponto chave entre elas é acreditar. Sem que se tenha plena convicção do rumo que está sendo tomado, a dúvida pode fazer com que você encontre muitas pedras no caminho.  Qualquer dificuldade encontrada pode levá-lo a desistir, pois a insegurança toma o lugar da razão. Você já deve ter passado por essa experiência e se perguntado “o que estou fazendo?”. Sempre tive dificuldades em saber se, da escolha que tomei, aquele caminho era o mais correto. O que acabei aprendendo na partilha desses amigos é que existe um termômetro que faz com possamos aferir se o rumo é o certo chamado, felicidade. Não há como saber o que haverá no final dessa estrada, mas se ao caminhar nela você estiver feliz, vá em frente e lembre-se que o percurso é a melhor parte!
Ao refletir na minha vida, percebi que tive muitos recomeços e entendi que eles podem ser diários. Nessa última semana que passou, recomecei a dar foco aos treinos. O que me tirou dele nos últimos tempos foi uma dor no joelho esquerdo. Tenho uma doença nele chamada condromalácia patelar. A descoberta foi em 2012 e me fez parar de correr por longos 7 meses. Naquela época fiquei muito desmotivado e chateado, pois tive que parar. Recomecei reativamente com sessões de fisioterapia para reforço muscular acompanhado de medicação. Com medo de que vivesse novamente, as últimas semanas foram bem difíceis para os treinos. Muitos deles não consegui fazer porque sentia dor e tinha medo de lesionar. Foi então que vi que posso recomeçar agora de forma pró-ativa. Retomei o reforço muscular através de exercícios funcionais e os treinos da minha planilha de corrida que foram revistos pelo professor que me acompanha na V!N! RUN. Qual o próximo passo? Acreditar!




Até a próxima semana!



quarta-feira, 25 de março de 2015

Você sabe o que fazer. Faça!


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Nesses últimos dias (principalmente na última semana que falhei um post) me lembrava das aulas da época do colégio em que o professor dizia que o ser humano distingue-se dos outros animais por agir com racionalidade. Possui grande capacidade mental e habilidade para desenvolver utensílios e adquirir conhecimento, e que antropologia é a ciência que estuda a humanidade, seu comportamento, cultura e evolução. Com certeza você deve ter ouvido isso, lido e ainda deve ter caído em prova. Lembrou? Entretanto, o que o professor não explicou, o que não caiu na prova, é que quando o sentimento está envolvido, nada mais é tão simples. Nesse ponto está a complexidade do ser racional.
O sentimento distorce o racional, para o bem ou para o mal. Ele pode ser estimulante, instigando com que o indivíduo dê mais de si, ou o inverso disto. Independentemente do quão motivado ou não para fazer algo, você sabe o que deve ser feito. Por que você não faz então? É simples, lógico e racional, certo? De fato sim, porém ao mesmo tempo não. Os motivos podem ser os mais variados, com certeza você terá justificativa para todos eles. Isso tudo porque você sabe o que tem que ser feito! A arte de procrastinar pode nos encurralar nas paredes da nossa consciência. Chegar neste ponto é fácil e normalmente não começa com coisas grandes, são nas pequenas. Quando tropeçamos, dificilmente é em algo grande, pois nestes casos conseguimos prestar atenção.



A lição que aprendi com a vida, e que complementa aquela do colégio, é que somos seres emotivos racionais. Vivemos em sociedade, em tribos, ou em grupos, porque precisamos de alguma forma preencher a lacuna do ser racional. A emoção transforma nossas vidas, nossas atitudes, nosso pensamento. Temos a necessidade de partilhar a nossa vida com os demais, contar os feitos, ou até mesmo os fracassos. Faz parte deste ser EMOCIONAL e é isso que o define como único. A alegria só é vivida quando compartilhada e, na corrida não é diferente. Há treinos em que fico “xingando” meu treinador do primeiro km até o último. Em outros treinos, é tão leve, que consigo correr meia maratona (21km) em 1:43:57 (velocidade de 12,12 km/h a um pace de 4:57 min/km) sem sentir-se cansado. O problema de fazer treinos longos é a dor no joelho dias depois... De qualquer modo, num cenário bom ou ruim de treinos, além de superar-se, o que instiga e motiva é poder, ao final, partilhar isto com o minha namorada, pais, professor, amigos e o grupo de corridas que escolhi fazer parte, a V!N! RUN.



Nosso maior desafio será sempre lidarmos com a montanha russa de nossos sentimentos. Ora altos, ora baixos, com a ajuda de um grupo, o equilíbrio é facilmente alcançado, pois um acaba motivando e “puxando” o outro para ir além. Nossa energia movimenta a VIDA, a nossa e a do meio em que vivemos. Tente você nesta semana fazer a diferença para alguém. FAÇA!


Até a próxima semana!


segunda-feira, 9 de março de 2015

Women Runners



 (Osaka, Japão)



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É contagiante ver alguém superando-se e vencendo um desafio numa prova de corrida. Não conheço a mulher dessa imagem, sei somente que essa prova foi em Osaka (大阪市), no Japão (日本). Mesmo sem conhece-la, consigo sentir a sua vibração. Naquele momento, registrado pela fotografia de alguém desconhecido a ela e a nós, sem dúvidas um filme passou pela cabeça dela. Tudo aquilo que culminou para que chegasse ali era o plano de fundo embalado por diversas recordações. O simples fato de ser mulher já é um grande desafio, pois imagine o quão complexo deve ser realizar treinos exaustivos com todos os hormônios desestabilizando o organismo e a temida TPM. Outro fato é o biotipo masculino que tende a ser mais forte, diminuindo os episódios de lesões, em comparação ao biotipo feminino. O próprio preconceito que pode existir nas diversas culturas espalhadas pelo planeta, em ter uma mulher correndo ou praticando qualquer esporte.

Poderia elencar tantos outros fatos e que, ao final, talvez chegássemos na conclusão que é loucura uma mulher correr. Ao final, na verdade, estaríamos redondamente errados! A foto mostra uma guerreira que sem dúvidas superou vários obstáculos, quebrou diversos paradigmas, talvez seja mãe, mas acima de tudo é MULHER. Elas estão espalhadas por aí e você já cruzou com várias delas. Chegam a ter poderes sobrenaturais, com força que homem nenhum tem. Só lembrar-se das dores do parto, eu com certeza não suportaria! Elas, delicadas e duronas, simples e complexas, dão um sabor a mais nas nossas vidas. O seu amor materno, que mesmo as que ainda não são mãe o possuem, faz com que o mundo tenha um equilíbrio na grande desordem que ele insiste em ter. A beleza delas são eternas fontes de inspiração!

(Paula Radcliffe com sua filha Isla, após vencer a ING New York Marathon no tempo 2:23:10)


Hoje encerrei a 2ª planilha de treinos e concluí a 9ª semana de treinos. Restam ainda 14 semanas, das 23 que me separam da linha de chegada. Venho de uma semana conturbada comentado no post da semana passada, mas firme nos passos que estou dando. As quedas nos ensinam a levantar e esse é o barato de perseguir um objetivo: aprender. Minha bagagem só aumenta e junto nesta jornada estão as mulheres da minha vida! O treino que fechou essa semana foi em homenagem a essas guerreiras que me acompanham com muito amor. Pelo amor delas é que venço todos os meus desafios e faz com que supere-me muitas vezes. Recordava hoje de vários momentos em que senti esse carinho. Veio a certeza do quão importantes elas são, cada uma ao seu modo, na sua singularidade.
Lembrei primeiro da minha mãe e tentei conectar a uma lembrança que fosse realmente representativa para nós dois. Sem dúvidas existem muitas, ela muito mais que eu no acervo de sua memória, mas a que me recordei foi a da minha formatura na faculdade. Aquele momento (como uma linha de chegada) foi algo único e que todo o esforço que vivemos fez sentido. Em seguida, veio as minhas “veinhas”. Tenho a graça de Deus de ter as minhas duas avós juntas ao meu lado. Cada uma diferente da outra, mas com corações em que há somente o amor de duas mulheres que batalharam muito nessa vida e que enchem-me de orgulho. Me emociono escrevendo isto e recordando das duas, obrigado mais uma vez Senhor! Depois dessas grandes mulheres, veio à mente as novas mulheres da minha vida.

(Mulheres da minha vida, parte 1)

Por ordem de chegada, veio a minha boadrasta (como ela se auto intitula). Faz do meu pai uma pessoa melhor e feliz a cada dia. Por cuidar dele e lhe dar o amor na dose certa, me dá a força necessária para seguir em frente. Logo depois, vem alguém muito especial. Essa poderia escrever 23 posts detalhando a companheira que escolhi, e fui escolhido (na verdade a ordem é inversa hehe), mas me atenho a dizer que é o amor da minha vida (aí vocês imaginem o restante e o tamanho desse sentimento). Por fim, a pessoa que deu-me o presente de dar a vida a essa companheira, a minha sogrinha. Além dela, a cunha que ajudou essa menina crescer e se tornar a mulher que é (marketing 1 e 2 feitos: propaganda é a alma do negócio). Brincadeiras à parte, a pureza do que são não existe palavra que descreva. Basta simplesmente admirar e desejar Feliz Dia da Mulher.

(Mulheres da minha vida, parte 1)

Até a próxima semana!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Atropelado pela Rotina



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Culturalmente, nós brasileiros iniciamos, de fato, o ano após o carnaval. Nesse período, a maioria das pessoas estão em época de férias, iniciando-as ou encerrando-as. Não que tudo seja festa, mas até mesmo aqueles que trabalham nesse período (salvo aqueles ligados ao ramo de turismo), sentem que que o clima é mais leve. A carga diária habitual que enfrentamos já não é mais a mesma. A primeira percepção é no trânsito com ruas menos movimentadas, menos pessoas, menos carros transitando e a quase inexistência de engarrafamentos. Misteriosamente, tudo acaba fluindo mais naturalmente e incrivelmente no seu tempo.
De uma hora para outra, porém, essa calmaria transforma-se em tormenta e a sensação é que você foi atropelado por alguma coisa. O pensamento nessa hora é “alguém anotou a placa?!”. Essa “coisa” tem nome, chama-se rotina. Ela não vem de mansinho e também não envia porta voz, chega logo e sem avisar. Você ainda nem se acostumou com a ideia que o horário de verão acabou e ela passa impondo um novo ritmo as coisas. Costumo pensar que a rotina é como um cavalo encilhado, está tudo bem até você perder as rédeas! Aos poucos, a ficha vai caindo e você percebe que ao seu redor tudo já retornou ao seu lugar, começando pelas escolas que iniciam o seu ano letivo até mesmo os diversos setores com férias coletivas que retomam suas atividades.
É muito fácil perder-se nesse turbilhão e é ainda mais difícil retomar as rédeas. Acaba que em todas as esferas das nossas vidas a desordem toma conta, como num efeito cascata. O trabalho fica pesado e alguns dias só há tempo para chegar em casa, comer algo, tomar um banho, dormir e acordar para retornar para mais um dia. Você entra num ciclo vicioso e um alerta é acionado no seu sistema imunológico, stress. A paciência diminui, o bom humor vai embora, e aí você procura o botão “para tudo que eu quero descer”. Nessa frase está o segredo, parar. Ou você faz isso conscientemente ou seu corpo dá um jeito de fazer isso por você.

  
A ideia desse blog, meu combinado com você leitor, era que as postagens sairiam sempre aos domingos após eu fazer meu último treino de corrida da semana, encerrando-a. A última semana encerrou e o post não saiu. Algumas pessoas me perguntaram “e o texto quando vai sair? Estou esperando!”. Por um lado, ouvir isso traz uma felicidade em saber que de alguma forma consigo partilhar as minhas experiências e interagir com diversas pessoas, corredoras ou não, mas que buscam algo aqui. Entretanto, nesse final de fevereiro, início de março, a rotina veio, impôs seu ritmo e em algum momento perdi as rédeas. Quando me dei por conta toda aquela organização que comentei no post sobre planejamento foram por água abaixo.
O impacto disso não demorou muito para refletir e o meu organismo tratou de acionar aquele botão que falei acima. Resultado: fui acometido por uma infecção intestinal com direito a febre e 3 dias sem treinos (domingo, segunda e terça-feira). No domingo estava tão debilitado que a única coisa que eu queria fazer era descansar. Nos dias seguintes até hoje, foi aquele ciclo que falei acima causado pela rotina. Aqui vale uma ressalva e talvez o grande ensinamento: quando você perde a disciplina, pouco a pouco as coisas vão desajeitando-se até que tudo vira uma bagunça. Não entenda rotina como algo ruim, apesar de parecer pelas linhas citadas acima. Ela tem seu papel: padronizar, trazer ritmo, criar uma sistemática, a ação vinculada a uma repetição. Para lembrar-se disso é bem fácil e a natureza se encarrega de trazer um simples e bem pequeno exemplo: as formigas. Trabalhadoras incansáveis, tem como a disciplina seu guia para sobrevivência. Se você perde a disciplina a rotina te atropela!


Até a próxima semana!


domingo, 22 de fevereiro de 2015

O que pôr na bagagem?



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Quando você pensa, ou sonha, em viajar a primeira coisa a ser feita é a escolha do lugar para onde se quer ir. Existe muito sentimento envolvido neste momento, pois a expectativa, a ansiedade e o desejo em pôr o pé na estrada afloram-se! Passado este momento, vem aquela fase em que o sonho sai do campo da imaginação e começa a materializar-se. A data da viagem é definida e a partir daí tudo começa! Desde a escolha dos locais para visitar (museus, monumentos, locais históricos), locais para comer (restaurantes, cafés), locais para entretenimento (parques de diversão, musicais, peças de teatro, shows, festas), como se locomover (alugar carro, passagens de ônibus ou trem), até hotéis e as fatídicas passagens áreas. Isso tudo é necessário para se ter ideia de quanto custará a tão sonhada viagem e começar a organizar-se financeiramente.
Mais próximo da partida, começa a preocupação do que pôr na mala. Novamente, fazer escolhas são necessárias. Sem dúvidas, um fator é determinante: a duração da viagem. Quantos dias, ou mesmo semanas fazem toda a diferença. O passo seguinte é olhar para o guarda-roupas e então arrumar as malas! Na prática, 1/3 do que será colocado nela você usará. Mesmo assim, ela ficará esturricada de coisas. A volta da viagem é o problema, pois pelo menos uma mala a mais voltará com as compras feitas pelo caminho (pensando na melhor das hipóteses) e junto dela vem o excesso de bagagens...
Anos atrás, escutei alguém dizer que a nossa vida pode ser comparada a uma bagagem. Ao longo dos dias, meses e anos, vamos acumulando nela diversas coisas. Boas ou ruins, servem de experiência para que, ao olhar para dentro, possa-se recordar momentos importantes e que trouxeram algum aprendizado, algum crescimento. Lá é possível encontrar também ferramentas que auxiliarão para encarar um desafio presente ou mesmo futuro. Neste momento, você depara-se com algo que nenhum de nós consegue controlar: o tempo. As marcas da sua passagem são sentidas e refletem-se nitidamente no corpo. Faça a seguinte experiência: procure uma foto que tenha pelo menos um ano (ideal que ela tenha vários anos) e observe-a. Pense em como estava a sua vida, ou a sua bagagem (sua experiência ou maturidade) naquela época. Agora vá a um espelho e olhe-se, volte a foto, o que mudou?



Tudo aquilo que fazemos no momento atual vai para dentro da nossa bagagem de vida. Isso faz parte das nossas escolhas, independentemente se a ocasião nos impulsionou a tomá-la, sempre opta-se por alguma coisa. Você já deve ter visto, ou mesmo feito, a experiência de uma pedra ser jogada dentro d’água. O efeito que é gerado após a pedra submergir são diversas ondas em formato de círculos. O mesmo ocorre com cada escolha que fazemos. Ela reflete não só em nossas vidas, mas em tudo aquilo que nos rodeia. Não se passa pela vida sem deixar algo de bom ou até mesmo ruim nela. Esse tempo passado chamamos de legado.
Passados quase 2 meses do início da aventura de correr a minha primeira maratona, quando parei para escrever esse artigo nesse domingo fiquei olhando tudo aquilo que já coloquei na minha bagagem. Analisei cada dia que ficou armazenado. Como numa fotografia, peguei essa recordação e fiquei contemplando-a. Me fez lembrar de como estava me sentindo, qual era o meu pensamento. Pude até ver que estava com alguns quilos a mais que hoje já suei a maioria deles. Acima de tudo, olhei a foto que segue abaixo. Nessa foto fiquei por vários instantes olhando e refletindo. Acredite, essa foto foi colocada na minha bagagem ontem!

#VINIRUN (Jardim do Lago, Canoas - RS)

Essa menina de jeito meigo ao meu lado correndo é a minha maior fã, minha maior parceira, minha companheira, meu staff oficial, minha confidente, minha amiga e alguém que quero viver muitos km juntos. Ela mudou e muda minha vida em muitos aspectos e posso ver o quanto mudei e mudo a dela também. Assim como a pedra que cai na água, consegui produzir um efeito na vida dela através do esporte. Algo que acredito, algo que vivo e escolho diariamente. Ela sempre diz que é difícil me acompanhar, mas me enche de orgulho ver que de alguma forma estou contribuindo no crescimento dela. Somos seres que vibram e ao vibrar influenciamos tudo o que nos rodeia. Deixamos legados para as pessoas e o melhor de tudo é que podemos escolher o que queremos deixar. Faça sua bagagem ser simples e leve, lembre-se que 1/3 dela é que o realmente importa. O restante muitas vezes é excesso e paga-se caro quando chegamos ao destino final. Qual legado você está deixando? Convido você a permitir-se olhar para dentro. Coragem, nem sempre é fácil!

Até a próxima semana!